É essa a pergunta inicial que o documentário The True Cost , lançado em maio deste ano, traz para seus telespectadores.
Ao longo dos 90 minutos de filmagem, o diretor Andrew Morgan aborda de maneira tocante os problemas sociais e ambientais causados pela indústria da moda, e o consumismo a ela ligada. Filmado em vários países ao redor do mundo, desde as famosas passarelas até os cantos mais obscuros, o projeto foi financiado pelo Kickstarter.
A inspiração por traz do longa veio em abril de 2013, após o colapso do Rana Plaza, em Daca – Bangladesh, que tirou a vida de milhares de pessoas e deixou outras tantas feridas. Pouco tempo após esse acidente, outra fábrica têxtil, no mesmo país, pegou fogo e matou mais pessoas.
Em ambas as tragédias os trabalhadores do país periférico trabalhavam em condições desumanas, recebendo centavos de dólar por dia, sem direito a qualquer pausa ou instalações de trabalho seguras. No primeiro caso, foram proibidos de sair do prédio, mesmo com avisos da defesa civil de que a estrutura do local na aguentaria os cerca de 5.000 trabalhadores que nele estavam, pois a produção não poderia parar.
Mesmo após esses desastres, as chamadas fast fashion, como H&M, Primark, Forever 21 e tantas outras, continuam explorando a mão-de-obra, para que novas coleções possam ser lançadas a cada mês, por valores ínfimos.
Exploram também o meio ambiente, através da produção rica em agrotóxicos do algodão, para a fabricação dos tecidos. Na Índia, outro país em que as leis trabalhistas praticamente inexistem, aldeias inteiras estão morrendo de câncer e outras doenças degenerativas, oriundas dos pesticidas utilizados nas plantações. As terras cada vez produzem menos, e os mananciais estão cada vez mais poluídos, tirando da população suas fontes de água potável e devolvendo problemas de saúde.
O problema tem chamado a atenção de várias personalidades, que passaram a protestar contra ele. É o caso da atriz britânica Emma Watson, embaixadora da ONU Mulheres que, após assistir ao documentário, ficou tão comovida com a situação que foi visitar alguns trabalhadores de Bangladesh. Após a visita, Emma se tornou colaboradora da grife People Tree, que cria coleções de forma sustentável e garantindo os direitos de quem as confecciona. Também está realizando o desafio de usar somente roupas de marcas que não estejam relacionadas a exploração de mão-de-obra e do meio ambiente, na turnê de divulgação de seu mais recente trabalho, Regression.
Os looks escolhidos estão sendo divulgados no instagram de sua stylist, como forma de dar visibilidade a essas confecções.
O documentário The True Cost está disponível em seu site oficial, e também pode ser assistido no Netflix.
300horas 